Neste dia tão especial, que é o dia dos namorados- onde paira uma atmosfera de carinho e amor- quero homenagear todos os casais com este lindo relato de parto de um PAI!
Gratidão por terem me escolhido como Doula!!!
Prepara, lá vem textão!!
Sim, vou falar da minha experiência do parto, na minha ótica, não da ótica da minha linda Thays Wayne (ela deve fazer um post sobre isso também).
Quando descobrimos que estávamos grávidos, no mesmo instante eu comecei a me preparar para o parto, porque eu tinha alguns objetivos muito bem traçados na minha cabeça:
1) Participar de tudo;
2) Não vacilar, estremecer, ter “nojinho”, não passar mal;
3) Ajudar no apoio do bebê (“tirar ele”);
4) Estar alerta para que ninguém fizesse procedimentos desnecessários na minha esposa;
5) Cortar o cordão umbilical;
6) Dar espaço e tempo, depois do parto, para minha esposa ficar com o nosso bebê todo pra ela, logo após o parto.
A gestação é uma coisa que afeta a todos, mamãe e papai, sem exceção.
Num determinado momento, eu e minha esposa conversávamos sobre a possibilidade de termos uma doula, sim, UMA DOULA. Depois de saber exatamente do que se tratava (que era uma pessoa que auxilia na gravidez, no preparo da gestante, dando todas as orientações para que tenhamos a melhor gestação, sem contar que ela ajudaria na hora do parto, que só depois fui saber como), marcamos um encontro com essa tal DOULA. O encontro foi muito agradável, ela nos explicou todo o seu trabalho e então, ao fim, decidimos que ela seria essa pessoa, a Gabi.
Os dois primeiros encontros foi exclusivo com a Thays – o que foi essencial para ela - depois, tivemos encontros comigo também, muito interessante, explicou sobre hormônios na hora do parto, sobre o trabalho de parto, sobre tudo, foi muito importante para nós.
Dito isto, vamos começar do começo.
Na quarta-feira, dia 03/05, completaria 41 semanas de gestação – lembrando que uma gestação pode chegar a 42 semanas, mas o mais comum é que nasçam até às 40 semanas – fomos ao Hospital Santo Antônio para ver se estava tudo certinho com o Cadu, a Gabi – nossa doula – sempre acompanhando tudo de pertinho e, graças a Deus, estava! Disseram que poderíamos começar a induzir o parto, mas não tinham vaga, ok, voltaremos outro dia. A Gabi – nossa doula querida – nos explicou todos os processos da indução, nos deixando cientes de tudo que poderia, ou não – acontecer. Sem este preparo prévio, com certeza teríamos morrido nas primeiras horas, mas de ansiedade.
Na quinta feira, eu e a Thays conversamos muito sobre induzir ou não o parto, conversamos também com a nossa doula, a Gabi, e decidimos que esse era o caminho a ser tomado.
sexta-feira, dia 05/05, voltamos ao Santo Antônio para começar a indução, novamente não tinha vaga, mandaram voltarmos no sábado às 7h, voltamos para casa.
Sábado, dia 06/05, 6h45min, estávamos nós no hospital para ver se teríamos vagas e sim, conseguimos. Fizemos todos os exames novamente e às 11h começou o processo de indução do trabalho de parto, que consistia em colocar um comprimido de Misoprostol de 6 em 6 horas (um por vez, no máximo 6 comprimidos) no colo do útero da minha esposa, não sei qual era a sensação que ela sentia, mas não estava nem um pouco curioso pra saber (acho que era trash).
Às11h começou o processo, colocaram o comprimido, ela passou duas horas deitada, depois disso, a Gabi, mais uma vez, estava lá para nos mostrar onde ficavam os equipamentos, como fazer os exercícios e também nos forneceu um óleo de massagem específico! Caminhamos, exercício com a bola, caminhar mais um pouco, massagem nas costas e barriga com óleo fornecido pela doula, e nada.
Às 17h, segundo comprimido, mais duas horas deitada, depois 15 minutos fazendo o tal do gatinho, 40 minutos no chuveiro UMA HORA ANDANDO EM CIRCULO, mais massagens com óleo, e nada.
Ás 3h, terceiro comprimido, aí que a coisa começou a pegar pesado. Às 19h trocou a equipe de enfermagem, a equipe que tinha saído era maravilhosa, exatamente o oposto da equipe que tinha chego. Nos informaram que os procedimentos eram feitos somente até meia noite, mas pensamos que estava tranquilo, porque o comprimido era às 23h, engano nosso. Enrolaram muito, de 30 em 30 minutos ia falar com a equipe e só falavam que já iam, à 1h40min fui conversar com o obstetra de plantão, perguntar o que tinha acontecido para não ser feito e então ele mandou uma enfermeira ir lá botar. A moça não estava nem um pouco feliz, tanto que “esqueceu” de botar vaselina naquela luva superdelicada antes de botar o comprimido, violência obstétrica na cara dura, mas sabia que, se eu reclamasse, ou fizesse o demônio lá dentro do hospital, quem ia sofrer era minha esposa.
Era madrugada, fui para casa descansar, às 5h10min recebi uma mensagem da minha esposa dizendo que a bolsa tinha estourado, que óbvio, só fui ver às 6h15min quando o celular despertou (vocês não têm noção como uma cadeira de acompanhante pode ser tão ruim na vida, sério). Corri pro hospital. Chegando lá, minha esposa já estava com contrações entre 3 e 4 minutos, fomos para o chuveiro, quando de repente, chamaram ela pra fazer o MAP – MAP é um exame que mede o batimento cardíaco do bebê, quantas vezes ele meche e contrações da gestante, completamente inofensivo, a não ser que você está com contrações – a moça que estava fazendo era uma estudante de medicina do 8º semestre, deu pra ver que ela estava se esforçando, mas não tinha pratica suficiente para aquele momento. Feito o MAP, chega o médico e diz que tinha que fazer OUTRO MAP, nossa senhora de aparecida, - as contrações, nesse MAP, têm uma escala que vai de 0 a 100 – no primeiro, as contrações estavam entre 50 e 70, na escala, no segundo, elas estavam entre 80 e 100, aí que o bicho pegou, o bagulho ficou feio de vez, a cobra fumou...
Saímos do maldito MAP e fomos direto para o BOX 6, nossa morada, então, um anjo chamado Raquel (enfermeira, parteira, humanizada) chegou para fazer o toque na Thays, às 11h34min da manhã, 6 centímetros de 10 necessários, daí pra frente foi só tiro, porrada e bomba. Vi ela fazendo uma massagem nas costas da Thays quando as contrações vinham, e daí pra frente assumi essa posição, fiz massagem interminável nela até o final. A cada contração, entre berros e apertos na minha mão, percebia que o momento estava chegando. Quando faltava menos de 25 minutos para o Cadu nascer, vieram colocar ocitocina (aquele sorinho miserável, que faz a mulher sofrer, que não se deve oferecer nem ao pior inimigo), com veemência neguei e, de novo, a Raquel conseguiu que não fosse colocado – porque, de fato, não tinha necessidade nenhuma. Nisso, a querida Gabi, nossa doula, chegou, se concentrou integralmente a Thays e, pelo que me pareceu, foi de extrema importância. Contrações, berros, mão vermelha de ela apertar, massagem, muita massagem.
Quando deu por mim, a Raquel estava ensinando para sua estagiária como apoiar o bebê, na hora do nascimento, neste momento, uma força interior me arrebatou e disse: “O que você tá ensinando?” Ela respondeu. Olhei pra ela e disse: “Não, eu vou fazer”. Ela me ensinou, com uma calma de Buda, como fazer aquilo. A parte da mão roxa não fazia mais parte do roteiro, mas os gritos, contrações e massagens, sim. A Thays, de súbito, mudou de posição (ela estava deitada de lado até então, em um movimento rápido, estava de quatro), quando olhei, já conseguia ver o cabelinho dele, ia e voltava, por três contrações. Na quarta contração, a cabecinha dele saiu, fiz o apoio, sinceramente é muito assustador você ver só a cabeça do seu filho pra fora (pensava que saia tudo de uma vez). A Raquel foi ver se o cordão não estava no pescoço, não estava. A contração seguinte foi a decisiva, demorou um pouco, o que também assustou, mas depois dela, tinha meu bebê nas mãos, não sabia muito bem o que fazer, vieram 475769 mãos para limpá-lo e eu lá, sem saber o que fazer. E, nenhum choro, nadica de nada, e sabe o que fizeram, NADA, porque um bebê não precisa chorar no nascimento. A Thays ficou ajoelhada na cama, quando ouvi: “O cordão é muito curto”. Parada cardíaca.... Mas não tinha problema nenhum, passamos o Cadu por baixo das pernas dela e entregamos. Vocês não imaginam a sensação que é ver uma mãe segurar o filho pela primeira vez, entre choro e riso, é muito lindo, é a cena mais bonita que se pode ver nesse mundo. Dei um beijo nela e me afastei. Ela ficou um bom tempo com ele, ajoelhada na cama, até que se virou e deitou.
Hora do cordão! Óbvio que já tínhamos a informação de que quanto mais tempo o cordão fica ligado ao bebê, melhor é pra ele. Neste momento teve fotos calorosas com a tesoura na mão, pelo menos umas 3, mas com muita demora entre uma pose e outra (hahahahaha). O cordão é um negocinho interessante, ele é muito molinho, o que o Saraiva pensou? “Nem precisa de força pra cortar isso”... Enganado! Quando cortei, de primeira não deu, porque fui muito de leve, na vez que deu certo, vou contar pra vocês, dá um puta medo de estar machucando a mãe e o bebê, mesmo sabendo que não tem nada a ver. Cortei o cordão, a Thays pegou ele e botou no peito (pra mamar), neste momento, fui no carro pegar a bolsa que precisava (porque não tinha dado tempo antes) e já aproveitei para deixar ela e o Cadu, a Gabi estava junto com ela, então, não deixei ela sozinha lá.
Quando saí da maternidade e fui em direção do carro, senti as lagrimas escorrerem pelo meu rosto – não porque eu estava me segurando lá dentro para não chorar, muito pelo contrário, estava lá de corpo, alma e coração – e eu chorei um choro de felicidade tão gostoso, que não sei se vou conseguir descrever com palavras, então não vou nem tentar. Voltei para o hospital, a placenta já tinha saído e estava lá, mamãe e bebê juntinhos, com muito amor envolvido. Veio a pediatra para levar ele pra primeira avaliação, e lá fui eu junto, acompanhar. Tudo certo. Perfeito. Voltei para o quarto com ele e entreguei pra aquela mulher que não me parecia mais a mulher que eu tinha visto antes. A Thays, minha maravilhosa, foi uma guerreira imbatível, de uma força inimaginável, uma força transcendental, foi perfeita. Nos preparamos muito para esse momento, mas ele foi muito mais do que eu imaginava, ELA foi muito mais que eu imaginava. Não consigo hoje olhar pra ela do mesmo modo que eu olhava no domingo às 8h da manhã. Ela sempre teve muito mais do que meu respeito, tinha minha admiração, hoje, eu sou seu fã. Você que tem seu artista preferido, diz que ama e tal, não sabe o que é ser fã de verdade, o que é amor, admiração, respeito, carinho, cumplicidade.. Hoje eu sei o verdadeiro significado da palavra FÃ.
Meu amor, sou seu fã número zero, para sempre, você foi FODA PRA CARALHO, obrigado!
No fim, consegui todos os meus objetivos!
Graças a Deus, estou completo!